(Foto: Reprodução) Carlos Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira do Mato Dentro (MG), em outubro de 1902. Filho de pais ricos, estudou em colégios internos durante a infância e chegou a ser expulso de uma das instituições por insubordinação a um professor de português.
Na juventude, o escritor se formou farmacêutico pela Universidade Federal de Minas Gerais por vontade do pai. Ele não chegou a atuar na profissão, e acabou dando aulas de português e geografia e trabalhando como tradutor de títulos de autores como Bertolt Brecht e Federico García Lorca.
Ainda na época da faculdade, Drummond conheceu jovens que tinham pensamentos um pouco diferentes dos dele. Como seu pai era coronel, o autor cresceu em uma família conservadora e tinha ideias político-sociais mais alinhadas à direita. Contudo, quando se tornou universitário conheceu pessoas de realidades diferentes e foi transformando sua visão de mundo
Faleceu em 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro.
Carlos Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira do Mato Dentro (MG), em outubro de 1902. Filho de pais ricos, estudou em colégios internos durante a infância e chegou a ser expulso de uma das instituições por insubordinação a um professor de português.
Na juventude, o escritor se formou farmacêutico pela Universidade Federal de Minas Gerais por vontade do pai. Ele não chegou a atuar na profissão, e acabou dando aulas de português e geografia e trabalhando como tradutor de títulos de autores como Bertolt Brecht e Federico García Lorca.
Ainda na época da faculdade, Drummond conheceu jovens que tinham pensamentos um pouco diferentes dos dele. Como seu pai era coronel, o autor cresceu em uma família conservadora e tinha ideias político-sociais mais alinhadas à direita. Contudo, quando se tornou universitário conheceu pessoas de realidades diferentes e foi transformando sua visão de mundo
Faleceu em 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro.
https://revistagalileu.globo.com/Vestibular-e-Enem/noticia/2019/10/vida-e-obra-de-carlos-drummond-de-andrade-um-dos-maiores-poetas-do-brasil.html
No restaurante
– Quero lasanha!
Aquele anteprojeto de mulher – quatro anos, no máximo, desabrochando na ultraminissaia – entrou decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha.
O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.
Que parada – lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo:
– Quero uma lasanha.
O pai corrigiu:
– Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada.
A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas interrogações também se liam no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o serviço, ela atacou:
O pai, no contra-ataque:
Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa fritada de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrário, papou-a, e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez, no mundo, a vitória do mais forte.
O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí um casal, na mesa vizinha, bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível. Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultrajovem.